O que se vê cá por casa
Tom na quinta, de Xavier Dolan. O jovem realizador canadiano tem vindo a consolidar um fulgurante início de carreira. Esta obra de 2013, o seu penúltimo filme, deixa de ser um fenómeno de arrojo inicial para se transformar num caso sério do panorama audiovisual. É um filme perturbante que oscila entre a calma de um tempo que parece suspenso na beleza dos planos e da extensão da paisagem rural para nos arrebatar num suspense preenchido por rasgos de medo e adrenalina. Os longos planos-sequência remetem-nos para o inigualável The Shining (1980), e a génese do medo evocam um dos referentes de eleição de Michael Haneke. A história de um jovem urbano que se desloca ao campo com o intuito de assistir ao funeral do seu companheiro e onde se vai confrontar com as verdades ocultas e com a demência que o suga e absorve para uma espiral circular de medo e violência na pacatez provinciana de uma vacaria, de onde só a custo consegue sair.
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